O Funcionalismo,
Escola que imprimiu um estudo à antropologia, foi criado por Malinowski e acompanhado
por Radcliffe-Brown e é caracterizado pelo estudo funcional da sociedade. A
Escola tinha uma visão sistêmica utilizada na análise da cultura, que por sua
vez, procurou explicar a maneira de ser de cada cultura, tentando observar as
razões não mais nas origens, nem na história, isto é, nem na natureza, mas,
sim, na lógica do sistema assumido pela cultura. Eles acreditavam poder
conhecer uma cultura sem estudar-lhe a história.
Ambos,
para obter sucesso nas definições acerca do funcionalismo recorreram a alguns
pensadores da sociologia, como Durkheim, Comte, etc., pois o funcionalismo
emprega um método semelhante ao método das ciências naturais e para eles a
sociedade e a cultura são vistas como um todo, cujas partes estão intimamente
interligadas, e isso poderia ser a definição de função. Função que
para Malinowski é a satisfação de necessidades básicas ou derivadas e para
Radcliffe Brown, o conceito de função deve ser empregado fazendo uma analogia
entre vida social e vida orgânica, com as funções interligadas formando um só
conjunto.
Malinowski
e Radcliffe-Brown acreditavam que a sociedade devia ser entendida como uma
unidade de partes entrelaçadas, mas entre eles havia,
também, diferenças, embora fossem poucas, já que ambos partiam de uma mesma
linha de pensamento, quanto às características acerca do funcionalismo.
Encontramos essa divergência quanto ao objetivo principal da pesquisa.
Pois, Malinowski buscará trazer em suas obras que o indivíduo tem importância
no sentido de que ele é um criador da sociedade, por isso, procurava as
motivações humanas e a lógica da ação. Enquanto Brown dizia que a sociedade
impunha uma estrutura acerca do indivíduo, limitava suas ações, tanto que o
principal interesse era descobrir princípios estruturais abstratos e mecanismos
de integração social. Divergência essa pode ser vista na seguinte citação; “Malinowski
se autodenominava funcionalista, mas suas idéias diferiram fundamentalmente do
programa rival do estrutural-funcionalismo. Para Malinowski, o indivíduo era o
fundamento da sociedade. Para os estruturais-funcionalistas durkheiminianos o
indivíduo era um epifenômeno da sociedade e de pouco interesse intrínseco – o
que interessava era inferir os elementos da estrutura social.” (ERIKSEN E
THOMAS HYLLAND, 2010, pag. 58) A diferença aqui
pode ser observada porque Brown obedece mais a uma linha sociológica, posto que
o objetivo sociológico concentrava-se na sociedade, enquanto Malinowski, sem
desprrezar a sociologia, se firma em uma explicação psicológica, uma vez que o
objetivo maior era o indivíduo.
Quanto ao estudo das instituições,
Malinowski elege a mesma como unidade básica da sua análise funcionalista,
modelo esse que serviria como guia no trabalho de campo, característica
marcante no funcionalismo. Acerca do trabalho de campo
desenvolvido por Malinowski, que, por sua vez, foi um método de campo mais
específico, ele apenas evoluiu esse modo de pesquisa, no qual chamou de observação participante. E essa
observação participante proporcionou um novo caminho para a pesquisa
etnográfica, como está posto na citação; “A ideia simples, mas revolucionária,
que inspirava esse método consistia em viver com as pessoas que estavam sendo
estudadas e em aprender a participar o máximo possível de suas vidas e
atividades.” (ERIKSEN E THOMAS HYLLAND,
2010, pag. 56)
A unidade funcional, “Instituição” é concreta e
pode ser observada como um agrupamento social e é composta de estatuto, pessoal,
normas, aparelhagem material, atividades e função.
Malinowski vê, na instituição, uma “relação necessária entre ela e o
cumprimento da função”, deixando claro que tudo que está posto deve ser
entendido de forma conjunta, ou seja, todas as partes estão interligadas.
Radcliffe Brown ainda nos apresenta outro conceito,
o de estrutura que para ele é um sistema de “relações de
encadeamento entre os indivíduos”. A soma de todas as relações sociais que
envolvem os indivíduos num determinado momento e situação.
Para Brown a estrutura social era algo visível, uma realidade “podemos
observá-la, toda realidade fenomenal aí esta”.
Segundo
Brown, os indivíduos são as unidades que definem a estrutura social, que são as
suas relações que vão são ser responsáveis por esse todo integrado. De tal
modo, que essas relações permanecem mesmo que haja perda ou ganho de indivíduos
numa determinada sociedade, mantendo as relações de integração caracterizando,
como já foi exposto, uma complexa rede de relações que Brown designa como sendo
uma estrutura social, como, por exemplo, nas comunidades podia se observar a
existência de uma estrutura social, os seres humanos, por sua vez, estariam
relacionados por uma série definida de relações sociais.
Essa
estrutura social também se coloca como determinante para o desenvolvimento e
desempenho dessas relações entre os seres humanos chegando a moldar os
fenômenos sociais, “os fenômenos sociais que observamos em qualquer sociedade
humana não são resultado imediato da natureza dos seres humanos tomados
individualmente, mas conseqüência da estrutura social pela qual estão
unidos”. (BROWN, 1973,p. 235)
Com a forma estrutural estando presente nos “usos
sociais”, nas normas ou regras que são estabelecidas por uma determinada
sociedade ou grupo, elas mantém as mesmas características dos “fatos sociais”
de Durkheim.
Portanto,
podemos perceber que apesar de uma certa divergência de objetivos principais,
Malinowski e Brown têm as mesmas bases de pensamentos, no qual nos mostra que
os dois pontos de vista são complementares, contrariando o que foi percebido
pela antropologia britânica no período entre as duas grandes guerras.