terça-feira, 29 de maio de 2012

Conceitos


Funcionalismo, Escola que imprimiu um estudo à antropologia, foi criado por Malinowski e acompanhado por Radcliffe-Brown e é caracterizado pelo estudo funcional da sociedade. A Escola tinha uma visão sistêmica utilizada na análise da cultura, que por sua vez, procurou explicar a maneira de ser de cada cultura, tentando observar as razões não mais nas origens, nem na história, isto é, nem na natureza, mas, sim, na lógica do sistema assumido pela cultura. Eles acreditavam poder conhecer uma cultura sem estudar-lhe a história.
Ambos, para obter sucesso nas definições acerca do funcionalismo recorreram a alguns pensadores da sociologia, como Durkheim, Comte, etc., pois o funcionalismo emprega um método semelhante ao método das ciências naturais e para eles a sociedade e a cultura são vistas como um todo, cujas partes estão intimamente interligadas, e isso poderia ser a definição de função. Função que para Malinowski é a satisfação de necessidades básicas ou derivadas e para Radcliffe Brown, o conceito de função deve ser empregado fazendo uma analogia entre vida social e vida orgânica, com as funções interligadas formando um só conjunto.
Malinowski e Radcliffe-Brown acreditavam que a sociedade devia ser entendida como uma unidade de partes entrelaçadas, mas entre eles havia, também, diferenças, embora fossem poucas, já que ambos partiam de uma mesma linha de pensamento, quanto às características acerca do funcionalismo. Encontramos essa divergência  quanto ao objetivo principal da pesquisa. Pois, Malinowski buscará trazer em suas obras que o indivíduo tem importância no sentido de que ele é um criador da sociedade, por isso, procurava as motivações humanas e a lógica da ação. Enquanto Brown dizia que a sociedade impunha uma estrutura acerca do indivíduo, limitava suas ações, tanto que o principal interesse era descobrir princípios estruturais abstratos e mecanismos de integração social. Divergência essa pode ser vista na seguinte citação; “Malinowski se autodenominava funcionalista, mas suas idéias diferiram fundamentalmente do programa rival do estrutural-funcionalismo. Para Malinowski, o indivíduo era o fundamento da sociedade. Para os estruturais-funcionalistas durkheiminianos o indivíduo era um epifenômeno da sociedade e de pouco interesse intrínseco – o que interessava era inferir os elementos da estrutura social.” (ERIKSEN E THOMAS HYLLAND, 2010, pag. 58) A diferença aqui pode ser observada porque Brown obedece mais a uma linha sociológica, posto que o objetivo sociológico concentrava-se na sociedade, enquanto Malinowski, sem desprrezar a sociologia, se firma em uma explicação psicológica, uma vez que o objetivo maior era o indivíduo.
Quanto ao estudo das instituições, Malinowski elege a mesma como unidade básica da sua análise funcionalista, modelo esse que serviria como guia no trabalho de campo, característica marcante no funcionalismo. Acerca do trabalho de campo desenvolvido por Malinowski, que, por sua vez, foi um método de campo mais específico, ele apenas evoluiu esse modo de pesquisa, no qual chamou de observação participante. E essa observação participante proporcionou um novo caminho para a pesquisa etnográfica, como está posto na citação; “A ideia simples, mas revolucionária, que inspirava esse método consistia em viver com as pessoas que estavam sendo estudadas e em aprender a participar o máximo possível de suas vidas e atividades.”  (ERIKSEN E THOMAS HYLLAND, 2010, pag. 56)
A unidade funcional, “Instituição” é concreta e pode ser observada como um agrupamento social e é composta de estatuto, pessoal, normas, aparelhagem material, atividades e função. Malinowski vê, na instituição, uma “relação necessária entre ela e o cumprimento da função”, deixando claro que tudo que está posto deve ser entendido de forma conjunta, ou seja, todas as partes estão interligadas.
Radcliffe Brown ainda nos apresenta outro conceito, o de estrutura que para ele é um sistema de “relações de encadeamento entre os indivíduos”. A soma de todas as relações sociais que envolvem os indivíduos num determinado momento e situação. Para Brown a estrutura social era algo visível, uma realidade “podemos observá-la, toda realidade fenomenal aí esta”.
            Segundo Brown, os indivíduos são as unidades que definem a estrutura social, que são as suas relações que vão são ser responsáveis por esse todo integrado. De tal modo, que essas relações permanecem mesmo que haja perda ou ganho de indivíduos numa determinada sociedade, mantendo as relações de integração caracterizando, como já foi exposto, uma complexa rede de relações que Brown designa como sendo uma estrutura social, como, por exemplo, nas comunidades podia se observar a existência de uma estrutura social, os seres humanos, por sua vez, estariam relacionados por uma série definida de relações sociais.
Essa estrutura social também se coloca como determinante para o desenvolvimento e desempenho dessas relações entre os seres humanos chegando a moldar os fenômenos sociais, “os fenômenos sociais que observamos em qualquer sociedade humana não são resultado imediato da natureza dos seres humanos tomados individualmente, mas conseqüência da estrutura social pela qual estão unidos”.  (BROWN, 1973,p. 235)
Com a forma estrutural estando presente nos “usos sociais”, nas normas ou regras que são estabelecidas por uma determinada sociedade ou grupo, elas mantém as mesmas características dos “fatos sociais” de Durkheim.
Portanto, podemos perceber que apesar de uma certa divergência de objetivos principais, Malinowski e Brown têm as mesmas bases de pensamentos, no qual nos mostra que os dois pontos de vista são complementares, contrariando o que foi percebido pela antropologia britânica no período entre as duas grandes guerras.

sábado, 12 de maio de 2012

Biografia de Radcliffe-Brown


Biografia de Malinowski


Produção Bibliográfica Radcliffe-Brown


Produção Bibliográfica de Malinowski


Fontes Teóricas


Bronislaw Malinowski:

“[...] Malinowski proclamava-se criador de uma disciplina acadêmica inteiramente nova. Toda uma geração de seus adeptos se criou na convicção de que a Antropologia Social tinha começado em 1914, nas Ilhas Trobriand”. (pág. 11)

“[...] Os funcionalistas apossaram-se da ‘sociologia’ mas abandonaram a ‘referência especial à história primitiva de...’ que fora a marca registrada dos evolucionistas. Eles também rejeitaram não só o difusionismo mas toda a iniciativa de natureza etnológica [...].” (pág. 14)

“[...] A característica fundamental da Antropologia britânica nas primeiras duas décadas do século foi uma atitude cautelosa e cética perante qualquer formulação teórica bombástica, fosse ela evolucionista ou difusionista.” (pág. 15)

 “Houve também a contra-influência de Durkheim e da sua Escola de Paris, a qual atraíra as atenções de Radclife-Brown e de Marett antes da I Guerra Mundial e que continuou a influenciar os ‘antropólogos sociais’ britânicos. As teorias de Durkheim foram particularmente influentes no estudo da religião, na medida em que divergiam tanto dos interesses difusionistas [...]. (pág. 15)

“[...] Malinowski proferiu conferências sobre ‘Religião primitiva e diferenciação social”, as quais, tal como as suas monografias polonesas, refletiam uma orientação durkheimiana e, em particular, um interesses todos especial pelo trabalho de Durkheim sobre totemismo australiano.” (pág. 23)

“O pesquisador de campo deve também observar as realidades da ação social, aquilo a que Malinowski chamou os imponderáveis da vida cotidiana, registrando minuciosamente as suas observações num diário etnográfico especial.” (pag. 27)

“São três os temas centrais em todas as suas monografias. Em primeiro lugar, os aspectos da cultura não podem ser estudados isoladamente; devem ser entendidos no contexto de seu uso. Em segundo lugar, nunca podemos confiar nas regras ou na descrição de um informante a respeito da realidade social; as pessoas dizem sempre uma coisa e fazem outra.” (pag. 37)

“Malinowski trouxe um novo realismo para a Antropologia Social, com sua percepção aguda dos interesses reais subentendidos no costume e suas técnicas radicalmente novas de observação. Radcliffe-Brown, por sua vez, introduziu a disciplina teórica da Sociologia francesa e veio em ajuda dos novos pesquisadores de campo com uma bateria mais rigorosa de conceitos. Ele também estabeleceu vários centros novos para a ciência. Três anos mais velho do que Malinowski, sobreviveu-lhe onze anos e dele tomou a liderança da Antropologia Social britânica no final da década de 1930.” (pág.51)

Radcliffe Brown

 “[...]método analítico; no que dizia respeito à pesquisa de campo, contetou-se em descrever o trabalho como um estudo de aprendizado, e apoiou-se maciçamente nos relatos etnográficos de um antigo residente das ilhas[...].” (pág. 58)

“Mais tarde, foi convertido ao ponto de vista durkheimiano de que o significado e a finalidade dos costumes devem ser entendidos em seu contexto contemporâneo [...].” (pág. 58)

“A forma estrutural está explicita em “usos sociais”, ou normas sociais, os quais se reconhece geralmente como obrigatórios e são largamente observados. Portanto, esses usos sociais tem as características dos “fatos sociais” de Durkheim, mas Radclife-Brown insistiu, uma vez mais, em que eles não eram deduzidos mas observados. Um uso ou norma social “não é estabelecido pelo antropólogo ... é caracterizado pelo que as pessoas dizem sobre as regras numa dada sociedade e pelo que fazem a respeito delas.” Pg. 69

“A característica predominante da obra madura de Radcliffe-Brown é a sua obstinação. Expôs e definiu vezes sem conta a sua visão da Sociologia como uma espécie de ciência natural e, por conseguinte, contrária às reconstruções conjeturais. Volvia constantemente aos mesmos problemas: totemismo e culto dos ancestrais; terminologias de parentesco, relações avunculares e relações de brincadeira; e as leis.” (pág. 82)


e com informações mais completas segue em anexo um fichamento com mais informações sobre as fontes teóricas de Malinowski e Radcliffe Brown

Trabalho de Campo


Contexto Etnográfico